Foto: Divulgação CFMV
Poder reencontrar colegas, de tão alto nível e
que lutam exaustivamente pelo crescimento profissional, foi antes de tudo um
grande prazer. Foram 2 dias de grades debates em prol da inserção do médico
veterinário no NASF, que me deram a satisfação de me sentir parte da construção
da história da profissão que faço parte.
História essa muito bem contada, e muitíssimo bem
representada pelo colega Paulo Cesar, presidente na nossa comissão nacional, e
por todos os pioneiros que lideram essa luta pela respeitabilidade de nossa
profissão no ambiente da saúde pública. Ter convivido com eles e com os, até
mais jovens que eu, mostrou que a continuidade desse caminho está garantida, e
nos fez refletir bastante sobre como chegamos aqui e como faremos daqui por
diante.
A luta não foi em vão, foi longa, mas trouxe uma
grande conquista que foi a formalização da inserção do médico veterinário no
NASF, em outubro passado. Uma grade conquista sim, lutada e suada,
principalmente por nossos pioneiros, mas que abriu outro grandioso desafio; O
que fazer para verdadeiramente nos inserir nessa nova realidade?
Essa foi a principal pergunta que nos instigou
nesses dois dias. Sendo que depois de muito debate algumas coisas ficam
marcadas nesse contexto. Que nossa profissão ainda não está totalmente
identificada com a possibilidade se reconhecer como profissional de saúde. Que
talvez não tenha a maturidade suficiente, para trabalhar na forma
interdisciplinar que o SUS exige, e que nosso conhecimento de SUS ainda é muito
incipiente.
E isso claramente, deverá ser o principal desafio
da profissão de agora por diante para que tudo o que foi conquistado, não se
torne em vão. É bem verdade que podemos ter o entendimento que a historia da
medicina veterinária e a sua realidade de atuação no Brasil até aqui,
condicionou a sociedade e os próprios profissionais a se moldarem na forma como
somos vistos hoje.
Sempre tivemos nossa profissão ligada ao
ministério da agricultura, e quando pretendemos atuar junto ao ministério da
saúde, esse contexto muda radicalmente. Continuaremos com o mesmo ambiente, e
com os mesmos animais que sempre lidamos porem com foco na saúde humana; E isso
muda profundamente a visão que o profissional deve ter de sua atuação e do seu
papel social. Talvez por isso, tenha ficado muito claro que nosso papel não
será fácil.
Quase que a totalidade de nossos colegas, não
consegue imaginar essa possibilidade na prática, e se cercam de dúvidas quando
falamos de nossa inserção no NASF. Quando falamos então de SUS, ai é que a
coisa de complica de vez.
Justamente em cima desse novo desafio é que
pudemos propor várias sugestões de ações a serem desencadeadas pelas comissões
estaduais e pela comissão nacional, para dar esse clique na profissão. Além
disso várias estratégias políticas de sensibilização dos gestores e da
sociedade também ficaram delineadas.
Outra questão que fica muito evidenciada é que
ainda não temos um padrão de atuação quando conseguirmos nos inserir no NASF.
Não podemos imaginar que faremos parte de um sistema de atenção básica da saúde
humana para fazer atendimento clinico à animais, por mais tentador que isso
possa ser para um médico veterinário. Para tanto é necessário também que os
colegas da academia tenha a ciência exata do que é SUS, do que é atenção
básica, do que é ESF e do que é NASF, para que possa bem orientar nosso futuros
jovens colegas. Nós que já atuamos no sistema também devemos assumir nossa
responsabilidade nisso também.
O médico veterinário deve deixar pra traz aquela
cultura individualista, turrona e até certo ponto truculenta de que até aqui se
via atuando de forma individualizada dentro de sua clinica, ou isolada no campo.
Agora é preciso que ele se veja como promotor de saúde, de melhoria das
condições ambientais e de vida das pessoas. O SUS precisa disso, e a medicina
veterinária precisa se preparar para essa realidade, ou poderemos perder o
bonde da história.
Bem como vemos os dois dias em Goiania – GO,
estimularam nossos pensamentos e nossas mentes acerca de nossa nova realidade,
os desafios são muitos, mas as possibilidades maiores ainda. A medicina
veterinária, sempre esteve e sempre estará pronta para assumir seu papel na
historia.
A certeza
é de que estamos em mais um momento desses que engrandecem, não podemos
perdê-lo; E não o perderemos pois seguindo os passos e os exemplos, e nos
juntando aqueles que nos abriram os caminhos até aqui formamos um time cada vez
maior de pessoas que não fogem à luta.
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