sexta-feira, 29 de junho de 2012

Fórum da CNSPV – Como faremos nossa inserção no NASF?

Por Edu Marcondes
Foto: Divulgação CFMV





Poder reencontrar colegas, de tão alto nível e que lutam exaustivamente pelo crescimento profissional, foi antes de tudo um grande prazer. Foram 2 dias de grades debates em prol da inserção do médico veterinário no NASF, que me deram a satisfação de me sentir parte da construção da história da profissão que faço parte.
 
História essa muito bem contada, e muitíssimo bem representada pelo colega Paulo Cesar, presidente na nossa comissão nacional, e por todos os pioneiros que lideram essa luta pela respeitabilidade de nossa profissão no ambiente da saúde pública. Ter convivido com eles e com os, até mais jovens que eu, mostrou que a continuidade desse caminho está garantida, e nos fez refletir bastante sobre como chegamos aqui e como faremos daqui por diante.
 
A luta não foi em vão, foi longa, mas trouxe uma grande conquista que foi a formalização da inserção do médico veterinário no NASF, em outubro passado. Uma grade conquista sim, lutada e suada, principalmente por nossos pioneiros, mas que abriu outro grandioso desafio; O que fazer para verdadeiramente nos inserir nessa nova realidade?
 
Essa foi a principal pergunta que nos instigou nesses dois dias. Sendo que depois de muito debate algumas coisas ficam marcadas nesse contexto. Que nossa profissão ainda não está totalmente identificada com a possibilidade se reconhecer como profissional de saúde. Que talvez não tenha a maturidade suficiente, para trabalhar na forma interdisciplinar que o SUS exige, e que nosso conhecimento de SUS ainda é muito incipiente.
 
E isso claramente, deverá ser o principal desafio da profissão de agora por diante para que tudo o que foi conquistado, não se torne em vão. É bem verdade que podemos ter o entendimento que a historia da medicina veterinária e a sua realidade de atuação no Brasil até aqui, condicionou a sociedade e os próprios profissionais a se moldarem na forma como somos vistos hoje.
 
Sempre tivemos nossa profissão ligada ao ministério da agricultura, e quando pretendemos atuar junto ao ministério da saúde, esse contexto muda radicalmente. Continuaremos com o mesmo ambiente, e com os mesmos animais que sempre lidamos porem com foco na saúde humana; E isso muda profundamente a visão que o profissional deve ter de sua atuação e do seu papel social. Talvez por isso, tenha ficado muito claro que nosso papel não será fácil.
 
Quase que a totalidade de nossos colegas, não consegue imaginar essa possibilidade na prática, e se cercam de dúvidas quando falamos de nossa inserção no NASF. Quando falamos então de SUS, ai é que a coisa de complica de vez.
 
Justamente em cima desse novo desafio é que pudemos propor várias sugestões de ações a serem desencadeadas pelas comissões estaduais e pela comissão nacional, para dar esse clique na profissão. Além disso várias estratégias políticas de sensibilização dos gestores e da sociedade também ficaram delineadas.
 
Outra questão que fica muito evidenciada é que ainda não temos um padrão de atuação quando conseguirmos nos inserir no NASF. Não podemos imaginar que faremos parte de um sistema de atenção básica da saúde humana para fazer atendimento clinico à animais, por mais tentador que isso possa ser para um médico veterinário. Para tanto é necessário também que os colegas da academia tenha a ciência exata do que é SUS, do que é atenção básica, do que é ESF e do que é NASF, para que possa bem orientar nosso futuros jovens colegas. Nós que já atuamos no sistema também devemos assumir nossa responsabilidade nisso também.
 
O médico veterinário deve deixar pra traz aquela cultura individualista, turrona e até certo ponto truculenta de que até aqui se via atuando de forma individualizada dentro de sua clinica, ou isolada no campo. Agora é preciso que ele se veja como promotor de saúde, de melhoria das condições ambientais e de vida das pessoas. O SUS precisa disso, e a medicina veterinária precisa se preparar para essa realidade, ou poderemos perder o bonde da história.
 
Bem como vemos os dois dias em Goiania – GO, estimularam nossos pensamentos e nossas mentes acerca de nossa nova realidade, os desafios são muitos, mas as possibilidades maiores ainda. A medicina veterinária, sempre esteve e sempre estará pronta para assumir seu papel na historia.
 
 A certeza é de que estamos em mais um momento desses que engrandecem, não podemos perdê-lo; E não o perderemos pois seguindo os passos e os exemplos, e nos juntando aqueles que nos abriram os caminhos até aqui formamos um time cada vez maior de pessoas que não fogem à luta.

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