“....Boa
tarde! Sou jornalista contratada pelo conasems e preciso falar contigo porque
sua experiência foi selecionada como destaque do congresso para sair na
revista!”
Com essa mensagem recebida no celular funcional
do Departamento de Vigilância em Saúde, tive a informação de que mais me
alegrou nesse ano. O trabalho que idealizamos havia recebido um reconhecimento
nacional. Para muitos pode parecer uma coisa banal, mas para quem vive o dia a
dia, fazendo vigilância dentro SUS, ter sido reconhecido como a melhor
experiência do Centro Oeste, e compor a publicação do CONASEMS, que trará as 5
melhores, sendo uma de cada estado é uma senhora vitoria.
As dificuldades, não são poucas. Os colegas da
secretaria que trabalham na Atenção, não conseguiam entender e se abrir à
atuação da vigilância, que sempre foi tratada à margem da saúde, como se não
fizesse parte do sistema. E foi justamente isso que serviu de base e estimulo
para a idealização das Ações Compartilhadas.
Enquanto ainda estava no CCZ, sempre me senti
incomodado e até certo pondo inconformado, de como a unidade é relegada, por
quase todos da saúde, minha profissão – Medicina Veterinária - então coitada,
não tinham serventia a não ser para capturar e eutanasiar animais, que estavam
incomodando. Pouquíssimos colegas conseguiam ver na atuação de controle de
zoonoses uma ação importante para a saúde.
Ao chegar ao Departamento constatei uma realidade
ainda pior. A segregação não era exclusividade do CCZ, a Vigilância Sanitária
era demonizada, os fiscais tidos como polêmicos e problemáticos; o DST era relegado
a 2º plano..., enfim; Era cada um por si e Deus por todos. Perdi algumas noites
de sono, pensado como isso podia funcionar; Um sistema que não se articulava
como sistema. Daquele jeito, não iríamos a lugar nenhum.
O primeiro passo foi acertar uma dinâmica de
reunião de departamento, realizada religiosamente uma vez por semana. Era
preciso mostrar aos coordenadores, que éramos uma equipe, e que somente juntos
poderíamos avançar. As dificuldades e faltas de coisas não iriam do dia para
noite acabar, mas se um ajudasse o outro, todos se manteriam permanentemente
funcionando. Isso criou um grande espírito de corpo. O DVS se tornou de fato
uma equipe, e em questão de poucas semanas.
Todos começaram a funcionar. Ora se um estava com
a viatura quebrada o outro ajudava se faltava luva em lugar, o outro emprestava,
e assim por diante. Obviamente que as equipes também rapidamente se sentiram
acolhidas e motivadas. Para qualquer profissional do SUS, não existe motivação
melhor do que ver seu trabalhando funcionando e sendo reconhecido, e isso não é
novidade pra ninguém.
Bem mas apesar disso, em nossas reuniões de
departamento, eu e a equipe de coordenadores, repetidamente chegávamos as
mesmas discussões – Os esf, não notificavam, os esf não ajudavam no combate a
Dengue, a atenção não fazia fluxo de retorno, as salas de vacina, eram tratadas
como uma coisa a parte do esf, enfim; Foi então que sugeri a eles que
deveríamos rapidamente nos aproximar da Atenção. Não dava mais para ficar na
mesma, nem tão pouco ficar brigando.
Foi o embrião da ACVS, que passados mais alguns
dias, me encarreguei de botar no papel e formatar a metodologia. No inicio,
tivemos alguma resistência de algumas equipes, mas a maioria já nos acolheu com
calorosa receptividade, a metodologia foi sendo ajustada, e hoje temos um
formato bem delineado, e bem executado. As atividades obedecem um calendário
definido e constante; As ações se incorporaram a rotina da vigilância.
A cooperação mutua, continua; Todos os agravos e
metas, passaram a ser igualmente tratados com a devida importância; Não existe
hoje no DVS, uma equipe mais importante que a outra, e todos passaram a se sentir efetivamente promotores de saúde.
Melhorias e aprimoramentos evidentemente são constantes, mas os resultados e
reconhecimentos mostram para todos, que se alguém ainda estava incrédulo; Que
as ACVS, são uma técnica indispensável para as vigilâncias modernas.
Por fim não posso deixar de externar minha
satisfação pessoal; Para mim esse reconhecimento do CONASEMS, foi grandioso. A
pouco mais de 4 anos, minha profissão dentro da SEMS era tida como “catadora”
de cães errantes, ao passo de que quando fui escolhido para assumir o DVS,
muito preconceituosamente colocaram em redes sociais que um médico veterinário
não teria condições de assumir um cargo que cuidava da saúde das pessoas.
Definitivamente esse reconhecimento não é tido por mim como uma revange, mas
que a dificuldade e os comentários maldosos nos serviram de estimulo, isso
serviram.
Agora ficamos no aguardo da publicação do
CONASEMS, no meio julho, mas desde já agradecendo a cada um dos colegas da
secretaria de saúde, a Silvia nossa secretária, a todos os diretores, e
especial a cada um do DVS; Essa reconhecimento é da nossa cidade mas feita por
cada um dos membros da vigilância e com apoio de todos da gestão.
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