sexta-feira, 29 de junho de 2012

Ações Compartilhadas de Vigilância em Saúde – Destaque do Congresso Nacional de Secretários Municipais de Saúde

Por Edu Marcondes


“....Boa tarde! Sou jornalista contratada pelo conasems e preciso falar contigo porque sua experiência foi selecionada como destaque do congresso para sair na revista!”


Com essa mensagem recebida no celular funcional do Departamento de Vigilância em Saúde, tive a informação de que mais me alegrou nesse ano. O trabalho que idealizamos havia recebido um reconhecimento nacional. Para muitos pode parecer uma coisa banal, mas para quem vive o dia a dia, fazendo vigilância dentro SUS, ter sido reconhecido como a melhor experiência do Centro Oeste, e compor a publicação do CONASEMS, que trará as 5 melhores, sendo uma de cada estado é uma senhora vitoria.

As dificuldades, não são poucas. Os colegas da secretaria que trabalham na Atenção, não conseguiam entender e se abrir à atuação da vigilância, que sempre foi tratada à margem da saúde, como se não fizesse parte do sistema. E foi justamente isso que serviu de base e estimulo para a idealização das Ações Compartilhadas.
 
 
Enquanto ainda estava no CCZ, sempre me senti incomodado e até certo pondo inconformado, de como a unidade é relegada, por quase todos da saúde, minha profissão – Medicina Veterinária - então coitada, não tinham serventia a não ser para capturar e eutanasiar animais, que estavam incomodando. Pouquíssimos colegas conseguiam ver na atuação de controle de zoonoses uma ação importante para a saúde.
 
 
Ao chegar ao Departamento constatei uma realidade ainda pior. A segregação não era exclusividade do CCZ, a Vigilância Sanitária era demonizada, os fiscais tidos como polêmicos e problemáticos; o DST era relegado a 2º plano..., enfim; Era cada um por si e Deus por todos. Perdi algumas noites de sono, pensado como isso podia funcionar; Um sistema que não se articulava como sistema. Daquele jeito, não iríamos a lugar nenhum.
 
 
O primeiro passo foi acertar uma dinâmica de reunião de departamento, realizada religiosamente uma vez por semana. Era preciso mostrar aos coordenadores, que éramos uma equipe, e que somente juntos poderíamos avançar. As dificuldades e faltas de coisas não iriam do dia para noite acabar, mas se um ajudasse o outro, todos se manteriam permanentemente funcionando. Isso criou um grande espírito de corpo. O DVS se tornou de fato uma equipe, e em questão de poucas semanas.
 
 
Todos começaram a funcionar. Ora se um estava com a viatura quebrada o outro ajudava se faltava luva em lugar, o outro emprestava, e assim por diante. Obviamente que as equipes também rapidamente se sentiram acolhidas e motivadas. Para qualquer profissional do SUS, não existe motivação melhor do que ver seu trabalhando funcionando e sendo reconhecido, e isso não é novidade pra ninguém.
 
 
Bem mas apesar disso, em nossas reuniões de departamento, eu e a equipe de coordenadores, repetidamente chegávamos as mesmas discussões – Os esf, não notificavam, os esf não ajudavam no combate a Dengue, a atenção não fazia fluxo de retorno, as salas de vacina, eram tratadas como uma coisa a parte do esf, enfim; Foi então que sugeri a eles que deveríamos rapidamente nos aproximar da Atenção. Não dava mais para ficar na mesma, nem tão pouco ficar brigando.
 
 
Foi o embrião da ACVS, que passados mais alguns dias, me encarreguei de botar no papel e formatar a metodologia. No inicio, tivemos alguma resistência de algumas equipes, mas a maioria já nos acolheu com calorosa receptividade, a metodologia foi sendo ajustada, e hoje temos um formato bem delineado, e bem executado. As atividades obedecem um calendário definido e constante; As ações se incorporaram a rotina da vigilância.
 
 
A cooperação mutua, continua; Todos os agravos e metas, passaram a ser igualmente tratados com a devida importância; Não existe hoje no DVS, uma equipe mais importante que a outra, e todos passaram  a se sentir efetivamente promotores de saúde. Melhorias e aprimoramentos evidentemente são constantes, mas os resultados e reconhecimentos mostram para todos, que se alguém ainda estava incrédulo; Que as ACVS, são uma técnica indispensável para as vigilâncias modernas.
 
 
Por fim não posso deixar de externar minha satisfação pessoal; Para mim esse reconhecimento do CONASEMS, foi grandioso. A pouco mais de 4 anos, minha profissão dentro da SEMS era tida como “catadora” de cães errantes, ao passo de que quando fui escolhido para assumir o DVS, muito preconceituosamente colocaram em redes sociais que um médico veterinário não teria condições de assumir um cargo que cuidava da saúde das pessoas. Definitivamente esse reconhecimento não é tido por mim como uma revange, mas que a dificuldade e os comentários maldosos nos serviram de estimulo, isso serviram.
 
 
Agora ficamos no aguardo da publicação do CONASEMS, no meio julho, mas desde já agradecendo a cada um dos colegas da secretaria de saúde, a Silvia nossa secretária, a todos os diretores, e especial a cada um do DVS; Essa reconhecimento é da nossa cidade mas feita por cada um dos membros da vigilância e com apoio de todos da gestão.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário