Por Edu Marcondes
Apesar da lacuna entre o último post e esse, não
posso deixar de concluir os relatos acerca das atividades do congresso nacional
de secretarias municipais de saúde, realizado em Maceió-AL, de 11 a 14 de junho
passado.
Como fechamento do evento pudemos observar a mesa
sobre gestão do SUS, em ano eleitoral. Definitivamente foi o ponto alto do
congresso, em termos de reflexão sobre a situação do sistema atualmente no
Brasil. A explanação iniciou-se com a historia de criação, e discorreu até os
desafios atuais.
Os sistema foi efetivamente criado, por ocasião
da constituição de 1988, e como é de conhecimento de todos que trabalham no
sistema, foi regulamentado em 1990 pela lei 8080, e 8142. De La para cá uma
rica história, com vários avanços e muitas frustrações.
É no mínimo intrigante, ser compelido a refletir
sobre essa história. Todos os profissionais que atuam no sistema, vez ou outra
deveriam buscar conhecer a historia do SUS, a nível nacional e a nível e local,
e a partir de tudo que puder entender dessa estrutura atuar em busca da
melhoria. Simplesmente criticar é uma atitude baixa, e de quem não conhece onde
está.
Por vezes sentimos que o ideal funcionamento,
está muito distante do real, e que esse tal de SUS, é como se fosse uma lenda
que nos contaram. Mas não é não! Na mesa lá de Maceió-AL, ficou
determinantemente claro que em Dourados a implantação do sistema, foi muito
semelhante a do restante do país, e obviamente, os problemas que enfrentamos
hoje, também o são.
Em nossa cidade o inicio se deu na primeira
gestão do então prefeito Braz Mello, em que meu pai Dr.Eduardo Otavio Texeira
Marcondes, era o secretário de saúde, e
eu posso de boca cheia, contar que aos 13 anos de idade era o secretário mirim
de saúde (fruto de um programa municipal que na época estimulava nas escolas da
cidade a formação de lideranças políticas), mas isso é uma outra história.
Nessa época tudo era uma beleza, as pessoas
deixavam de ser indigentes para a saúde, e desde 1988, passaram a ter o direto pleno
e universal à saúde, diferente do que era até então em que so tinha acesso a
saúde pública que tinha carteira assinada. Os demais ou tinham condições de
atendimento particular ou dependiam de uma mãozinha de pessoas influentes.
Nesse universo era fácil fazer o SUS cair nas
graças na população. A cada novo posto de saúde (denominação da época), a
população se sentia protegida. Os secretários de saúde da época eram muito
populares, e não respondiam processos na justiça. Porém no final da década de
90, e inicio dos anos 2000, a coisa começou a se enrolar.
O nível de exigência política e da população
comeram a apertar, e sistema foi se vendo obrigado a cada vez mais incorporar,
atendimentos, unidades especializadas e tecnologias que foram encarecendo o atendimento.
Paralelamente, essa foi a época no Brasil em a que a população teve seu maior
pico de crescimento. E para tornar a coisa mais complicada ainda, houve uma
drástica descentralização do sistema na busca de dar melhores respostas as
populações locais.
O peso caiu na sua maior parte sobre os
municípios, de forma que a cada dia os problemas estão mais complexos e
difíceis de resolverem. Na mesa do congresso ficou evidente que não há uma
formula para a solução dos problemas. Em contrapartida fica claro também que
justamente por essa rica história temos hoje uma repleta rede com condições de
atender todas as possibilidades de demanda, contudo essa grande estrutura não
funciona.
As causas do não funcionamento são várias. De
falta de recursos, a incompetência gerencial, passando pela corrupção, podem
ser citadas como as responsáveis. Fica a esperança de que esse belo sistema é
composto por boas pessoas, e que amam o SUS, que querem ver esse gigante
adormecido, despertando.
Caberá portanto aos novos e futuros secretários ,
e a todos os profissionais, prestadores e usuários, entender a complexa rede
que temos nas mãos, deixar seus posicionamento pessoais de lado e fazer com que
ele funcione. Quem se habilita?
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