Que o nosso Sistema Único de Saúde – SUS é o mais
democrático e aberto do mundo, já consenso. E que ele apresenta inúmeros entraves
de gestão também. A fala comum com relação aos problemas gira via de regra em
cima da falta de recursos.
Na verdade não é bem assim não. Os recursos existem,
e não são poucos, basta termos como exemplo nossa cidade de Dourados-Ms, 200
mil habitantes e um orçamento próximo de 200 milhões/ano. Quem em sã consciência
afirmar que isso é pouco dinheiro só pode estar mal intencionado. Na verdade a divisão e gestão dos recursos é
que é muito irregular e a bel prazer dos proveitos políticos de várias pessoas.
O resultado disso é que criamos hoje um enorme
entrave de gestão que não há secretário que de jeito, sendo que doutrina hoje
pregada pelas esferas superiores do sistema, fala em formação de redes de saúde
como forma de amenizar as distorções. Falta de pessoal, de equipamentos e
insumos são comuns e pensando sob a ótica de qualquer foco administrativo a
otimização e maximização de recursos e meios é sempre o caminho a ser seguido.
Como defensor incondicional dessa diretriz, devo
afirmar que as redes de saúde são de fato a solução imediata para uma série de
buracos que foram sendo criados.
Só para enumerar alguns desses problemas, podem
ser citados o fato de que é muito comum deputado para mostrar trabalho anunciar
que conseguiu trazer tal unidade de saúde, sem pensar na manutenção dessa
estrutura depois de pronta – Isso vai inchando o sistema.
E pior, dizer que depois de construída essa
unidade, o abacaxi vai cair no colo do gestor municipal, que deverá manter a
folha de pagamento do pessoal em dia, fornecer insumos e manter essa unidade em
funcionamento, ninguém diz.
Aí fala-se muito em cadastramento junto ao
ministério da saúde, para repasse federal; O que é verdade, porém ninguém tem a idéia precisa de
que esses recursos via de regra figuram-se como incentivo, sendo que da mesma
forma o maior dos problemas continua com o prefeito mesmo.
Mas e o estado? Pela formatação do sistema ele é
o ente responsável em participar do financiamento, dar suporte e apoio técnico
e supervisionar as ações dos municípios; Na prática, no Mato Grosso do Sul
existe quase que somente a 3ª atribuição. A participação financeira do estado é
mínima, e não há uma solução rápida para que esse cenário mude.
Por isso acredito que a solução seja lutarmos com
as armas que temos, temos que rapidamente tratar de unir todo o sistema em
rede, com a atenção e vigilância se apoiando em pessoal, insumos e recursos.
Temos tratar de produzir uma maior articulação com a rede hospitalar e buscar
soluções em conjunto, afinal de contas todo mundo está no mesmo barco.
O hospital entra em colapso se a atenção não
funcionar direito, que por sua vez torna-se sobrecarregada se a vigilância não
apoiar e assim por diante. Não há lógica por exemplo, em termos um 1 psicólogo
isolado, no SAE, ou no CEREST, se temos 3 NASF com psicólogos para atender uma
ampla região, afinal de contas o paciente do SAE ou CEREST, está obrigatoriamente
em um território de NASF, sendo que dessa forma estamos gastando 2
profissionais para atuar no mesmo lugar.
Porque não se criar um vinculo e otimizar os
meios? Afinal de contas SAE/CEREST/NASF/ESF, é tudo uma coisa só; É tudo secretaria
de saúde, e tem um objetivo único levar saúde a população.
Dentro dessa lógica é sempre bom lembrar, que a
espinha dorsal dessa rede deve sempre ser a atenção básica, que deve ser cada
vez mais mobiliada e fortalecida, a vigilância, os programas e a alta
complexidade, devem andar sempre ao lado, paralelos à atenção básica, e em uma
articulação e cooperação permanente em uma verdadeira situação de capilaridade,
ai sim teremos uma rede de saúde efetiva.
Para que isso funcione na pratica, e para que
todas as unidades estejam em condições operacionais mínimas, é preciso que
todos usuários, trabalhadores e gestores, tenham o entendimento de que não pode
haver segregação, e que todos os meios devem ser compartilhados.
Já os políticos devem
entender, que mais do que arranjar dinheiro para construir prédios e fazer
propaganda, seu papel de formador de opinião sobre coletividade, e como
articulador na facilitação de financiamento deve ser imensamente mais relevante.
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