sexta-feira, 18 de maio de 2012

Rede de Atenção à Saúde – Consideração quanto ao funcionamento na prática

Por Edu Marcondes



Que o nosso Sistema Único de Saúde – SUS é o mais democrático e aberto do mundo, já consenso. E que ele apresenta inúmeros entraves de gestão também. A fala comum com relação aos problemas gira via de regra em cima da falta de recursos.

Na verdade não é bem assim não. Os recursos existem, e não são poucos, basta termos como exemplo nossa cidade de Dourados-Ms, 200 mil habitantes e um orçamento próximo de 200 milhões/ano. Quem em sã consciência afirmar que isso é pouco dinheiro só pode estar mal intencionado.  Na verdade a divisão e gestão dos recursos é que é muito irregular e a bel prazer dos proveitos políticos de várias pessoas.

O resultado disso é que criamos hoje um enorme entrave de gestão que não há secretário que de jeito, sendo que doutrina hoje pregada pelas esferas superiores do sistema, fala em formação de redes de saúde como forma de amenizar as distorções. Falta de pessoal, de equipamentos e insumos são comuns e pensando sob a ótica de qualquer foco administrativo a otimização e maximização de recursos e meios é sempre o caminho a ser seguido.

Como defensor incondicional dessa diretriz, devo afirmar que as redes de saúde são de fato a solução imediata para uma série de buracos que foram sendo criados.

Só para enumerar alguns desses problemas, podem ser citados o fato de que é muito comum deputado para mostrar trabalho anunciar que conseguiu trazer tal unidade de saúde, sem pensar na manutenção dessa estrutura depois de pronta – Isso vai inchando o sistema.

E pior, dizer que depois de construída essa unidade, o abacaxi vai cair no colo do gestor municipal, que deverá manter a folha de pagamento do pessoal em dia, fornecer insumos e manter essa unidade em funcionamento, ninguém diz.

Aí fala-se muito em cadastramento junto ao ministério da saúde, para repasse federal; O que é  verdade, porém ninguém tem a idéia precisa de que esses recursos via de regra figuram-se como incentivo, sendo que da mesma forma o maior dos problemas continua com o prefeito mesmo.

Mas e o estado? Pela formatação do sistema ele é o ente responsável em participar do financiamento, dar suporte e apoio técnico e supervisionar as ações dos municípios; Na prática, no Mato Grosso do Sul existe quase que somente a 3ª atribuição. A participação financeira do estado é mínima, e não há uma solução rápida para que esse cenário mude.

Por isso acredito que a solução seja lutarmos com as armas que temos, temos que rapidamente tratar de unir todo o sistema em rede, com a atenção e vigilância se apoiando em pessoal, insumos e recursos. Temos tratar de produzir uma maior articulação com a rede hospitalar e buscar soluções em conjunto, afinal de contas todo mundo está no mesmo barco.

O hospital entra em colapso se a atenção não funcionar direito, que por sua vez torna-se sobrecarregada se a vigilância não apoiar e assim por diante. Não há lógica por exemplo, em termos um 1 psicólogo isolado, no SAE, ou no CEREST, se temos 3 NASF com psicólogos para atender uma ampla região, afinal de contas o paciente do SAE ou CEREST, está obrigatoriamente em um território de NASF, sendo que dessa forma estamos gastando 2 profissionais para atuar no mesmo lugar.

Porque não se criar um vinculo e otimizar os meios? Afinal de contas SAE/CEREST/NASF/ESF, é tudo uma coisa só; É tudo secretaria de saúde, e tem um objetivo único levar saúde a população.

Dentro dessa lógica é sempre bom lembrar, que a espinha dorsal dessa rede deve sempre ser a atenção básica, que deve ser cada vez mais mobiliada e fortalecida, a vigilância, os programas e a alta complexidade, devem andar sempre ao lado, paralelos à atenção básica, e em uma articulação e cooperação permanente em uma verdadeira situação de capilaridade, ai sim teremos uma rede de saúde efetiva.

Para que isso funcione na pratica, e para que todas as unidades estejam em condições operacionais mínimas, é preciso que todos usuários, trabalhadores e gestores, tenham o entendimento de que não pode haver segregação, e que todos os meios devem ser compartilhados.

Já os políticos devem entender, que mais do que arranjar dinheiro para construir prédios e fazer propaganda, seu papel de formador de opinião sobre coletividade, e como articulador na facilitação de financiamento  deve ser imensamente mais relevante.

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