Após pouco mais de 1 ano a frente do Departamento
de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, me vejo a volta ainda
com conceitos que sempre geraram desconforto, sobretudo político quando o tema
é vigilância.
Fizemos nesse período, um gigantesco esforço para
mostrar a própria equipe o que é de fato vigilância, e seu relevante papel
social e de saúde pública, sobretudo pelos efeitos que exerce na prevenção de
doenças e no comportamento social voltado ao bom manejo ambiental e de saúde no
ambiente urbano.
Para começar foi preciso mostrar para as equipes
do Departamento de Vigilância em Saúde e da própria Secretaria Municipal de
Saúde, os princípios doutrinários da vigilância que estabelece-e sobre 4 eixos
(se assim podemos definir) principais que são: Vigilância Ambiental, Vigilância
Sanitária, Vigilância Epidemiológica, e Saúde do Trabalhador.
Claramente esses conceitos não eram conhecidos,
motivo pelo qual as próprias equipes não conseguiam visualizar sua participação
coordenada em um departamento, em que elas eram uma parte e não uma atividade
independente, individual. Mostrar-lhes que o CCZ, a Vigilância Sanitária, a
Vigilância Epidemiológica, a Imunização, o CEREST, o TB/Hansen e o DST/Aids,
eram um conjunto foi o inicio.
A seguir criar mecanismos que pudessem esses
conceitos com atitudes e ações que colocasse essa estrutura toda a serviço da
secretaria de saúde, com vistas a cumprir seu papel principal de identificar as
doenças e gerar prevenção por meio da conhecida promoção à saúde, configurou-se
em outro grande desafio.
Contudo hoje podemos verificar que os colegas e
os demais profissionais de saúde pública de nossa cidade, já conseguem encarar
a vigilância como um parceiro, como o braço da saúde que pode auxiliá-lo a
diminuir as filas das unidades e dos hospitais, o segmento que pode ajudá-lo a
conscientizar os cidadãos de sua área de atuação.
Os novos conceitos do SUS, falam muito fortemente
sobre a formação das redes de saúde, mas na prática se os gestores e
principalmente os profissionais não assumirem os conhecimentos sobre os papel
institucional de cada segmento, para fazê-los funcionar adequadamente,
certamente essas redes nunca funcionarão a contento. Em Dourados, podemos
afirmar que está sendo possível mostrar de que forma podemos nos aproximar e
nos interligar.
Porém infelizmente, ainda fazer com que esses
conceitos passem a ser melhor entendidos pelos gestores políticos e pela
sociedade em geral, é um desafio. É uma realidade bastante clara que nem mesmo
as maiores autoridades políticas de nossa e todas as cidades brasileiras,
conseguem entender sequer o organograma básico de suas secretarias de saúde.
Imaginem se seria possível entenderem a vigilância, que justamente é o segmento
da saúde que tem o poder de polícia sanitária e onde se aplicam leis.
Mudar a imagem da vigilância para esses políticos
e para a sociedade em geral me parecer ser hoje o maior desafio a ser superado,
não é mais possível ter a indesejada imagem de policiais, inimigo dos empresários
e carrascos dos serviços de saúde. A Vigilância precisa mostrar que apesar de
ter a poder legal para tomar medidas de polícia, e as usar contra os cidadãos
que colocarem em risco a saúde da coletividade. Deve antes esgotar todos os
meios possíveis e imagináveis de mobilização, e conscientização coletiva, e que
de sua participação podem ser evitados
incontáveis casos de doenças que trarão sofrimento às famílias. Que está ao
lado da população pelo seu bem!
Olá Eduardo.
ResponderExcluirLi seu artigo, muito importante e esclarecedor quanto à função da vigilância em saúde, base norteadora de ação, planejamento, estratégia e avaliação das ações que protegem a saúde da comunidade, considerada como conjunto de todos indivíduos.
Acredito que uma boa parte da dificuldade de se trocar ou renovar alguns paradigmas relativos a forma de abordar a saúde venha da própria formação acadêmica de boa parte dos profissionais, aos quais me incluo. Formação pouco fundada na compreensão e importância de se combater os reais inimigos da saúde, os determinantes das doenças,e ao mesmo tempo estimular os determinantes de saúde.
Outra dificuldade é a própria passividade da comunidade em relação à sua responsabilidade social em proteger a própria saúde e a de todos em volta, principalmente nos casos onde os agentes das doenças não respeitam os limites das residências e sua difusão está estreitamente ligada a hábitos intensamente desaconselhados pelas inúmeras campanhas públicas. Talvez uma questão de cidadania ativa?
Ainda, pela necessidade de passar necessariamente pela trabalho coordenado, intersetorial e interdisciplinar, o sucesso da aplicação das estratégias de prevenção, muito bem coordenadas e estimuladas na sua figura, esbarram algumas vezes em nossa falta de prática, o que , com certeza, a cada dia permite-nos superar as dificuldades de nos engrenarmos em uma só máquina: a que ajuda construir uma Dourados mais saudável e feliz.
Mesmo expostas as dificuldades e desafios, superáveis e se superando com sua ajuda, tenho firme convicção, que estamos no caminho certo.
Ótimo artigo. Parabéns. Sérgio Rôas.