quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Primeiro Caso de Leishmaniose Visceral em Dourados-MS

Por Edu Marcondes

Quis o destino que justamente eu fosse o responsável por fechar e divulgar o primeiro caso de leishmaniose visceral em humanos em Dourados-Ms. Confesso que talvez tenha sido até aqui, o momento mais tenso que vivi em saúde publica. Definitivamente não é fácil atuar em um momento desses.

É bem verdade que algumas pessoas, sobretudo gestores públicos – políticos – brincam com a vida das pessoas, e acabam cedendo a qualquer pressãozinha de grupos com interesses pessoais, e deixam de fazer o que de fato deve ser feito. Mas para os técnicos que dedicam suas vidas profissionais inteiras em prol da saúde das pessoas, momentos como o de ontem são bastante críticos.

Mas como tudo na vida sempre tem o lado a ser considerado positivo. Temos que manter a esperança e o afinco sempre, e principalmente temos que ter fé e amor ao que fazemos. Se for para fazer algo sem a dedicação e paixão devida é melhor que não seja feito.
As equipes de saúde de Dourados-Ms, tem feito tudo com muita paixão e talvez aí esteja o principal motivo pelos quais a cidade tem se mantido com muito bons níveis de referência em saúde pública. Talvez por isso tenha-se chegado ao diagnóstico de um caso que cientificamente já deveria ter ocorrido em nossa cidade a um bom tempo.

Dourados tem um programa muito bem consolidado de controle da doença que vem fazendo o monitoramento da Leishmaniose desde 2003, e aqui há que se fazer um referencia toda especial a bióloga Magda Freitas Fernandes e sua equipe, que enquanto esteve a frente da coordenação do CCZ, deu inicio a todo esse trabalho.

Quantas cidades no Brasil, chegam ao diagnóstico da leishmaniose e de outras doenças, e sequer sabem o que fazer, sequer tem medicação, evacuação ou local e pessoal preparado para atender um caso desses. Fomos e somos privilegiados, por termos tido rapidamente um pronto atendimento ao paciente que em poucos dias estava em casa e curado. Em reação imediata toda a ação de vigilância epidemiológica foi desencadeada, ações de bloqueio químico e mecânico, amparo técnico à família e ações de educação em saúde foram paralelamente executadas.

Em nossa cidade não ficou-se esperando para ver o que estava acontecendo. Fruto obviamente desse monitoramento e preparo técnico das equipes e do suporte do HU, através da equipe de infectologia, e tudo isso iniciado pela Magda a quase 10 anos.

Me lembro nesse momento de uma frase da minha época de exército, que aplica-se bem a esse fato: “Se queres a paz, prepara-se para a guerra”. Temos que estar sempre preparados e agindo para prevenir as doenças, para que quando surgirem não causem estragos maiores, como foi esse o caso; Pena que nem todos os políticos pensem assim.

Para o futuro, fatalmente novos casos virão, mas podemos ter a consciência plena de que enquanto tivermos equipes preparadas e com o afinco que nossos profissionais vem demonstrando, certamente teremos o poder público fazendo o seu papel. Cabe agora reforçar a mensagem de que sem o vetor, não há a doença, e que quem não quer seu filho doente, deve imediatamente tratar de limpar seu quintal.

É difícil, as condições de urbanidade de nossas cidades são caóticas, e os gestores agem a passos lentos nesse sentido, de forma que a gestão ambiental, passa a se apresentar como um fator social e comunitário. Não dá mais para esperar, cada um deve fazer sua parte, cada deve cuidar de sua casa. Se fizermos isso diminuiremos consideravelmente a leishmaniose, a Dengue e todas as doenças de transmissão vetorial.

Não dá mais para morarmos, literalmente no lixo, em meio a ratos, baratas, mosquitos e ficarmos sofrendo em filas, e depois ficar jogando a culpa no SUS. O Sistema está nos mostrando o caminho, cabe a nós cada cidadão Douradense, fazermos a nossa parte!!

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