segunda-feira, 16 de abril de 2012

Saúde e Prevenção na Escola - Prevenindo O QUE?

Por Edu Marcondes


Fruto um projeto com apoio institucional entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, surgiu um programa denominado “Saúde e Prevenção na Escola” – SPE. O foco, segundo consta seria o desenvolvimento de ações de prevenção às DST/Aids, junto a jovens por meio de uma metodologia, até certo ponto insegura.

A poucos dias participei de uma reunião técnica; Com os responsáveis pelo programa no estado de Mato Grosso do Sul, da saúde e da educação. Na explanação as técnicas buscavam a adesão de nosso município ao referido programa, sempre exaltando a característica inclusiva  por meio de participação de adolescentes ao redor dos 15 anos de idade, sendo esses auto condutores e disseminadores de teorias que lhe seriam fornecidas por meio de capacitações na secretaria estadual.

Foram apresentados materiais didáticos que seriam os norteadores dessas capacitações e ainda descreviam o que seria a participação da saúde nesse contexto. Segundo as técnicas, a participação da saúde estaria ligada diretamente à Atenção Básica, por meio de profissionais que pudessem acolher possíveis portadores de DST, identificados no universo desses jovens.

Após refletir por vários dias tudo o que ouvi e vi sobre o programa, surgiram perguntas que não se calam em meus pensamentos; O que de fato esse programa está prevenindo? Sim, porque me desculpem as nobres técnicas que fizeram a apresentação – O programa, da forma que apresentaram não previne de fato nada. Ele apenas ensina os jovens a identificar possíveis agravos e a procuram apoio na atenção básica. Esse programa foi formatado muito mais voltado à inclusão social das diversidades do que propriamente à prevenção.

O SPE se mostrou, com um tremendo desconhecimento sobre a estruturação do sistema de saúde pública. E justamente por isso se torna ineficiente para prevenção de DST´s, sobretudo se for considerada a complexidade do tema proposto.

Não podemos deixar que seja passada a estrutura enviesada de um programa com um objetivo  tão relevante quanto a prevenção das DST´s, se não está nele bem conceituado a premissa básica de um sistema de saúde. Não está claro sequer o que é acolhimento, atenção e o que prevenção.

Pelo que foi proposto, os jovens iriam trabalhar a abordagem técnica das DST/Aids, conduzidos pelo colega capacitado (conforme já descrito) e em tendo dificuldades iriam buscar atendimento da Equipe de Saúde da Família do território onde estivesse inserido. Essa possibilidade, porém se torna temerosa, ao passo em uma abordagem extremamente técnica seria abordada e tratada por jovens, que ainda não possuem reação comportamental, sexualidade, e personalidade totalmente definidos, e principalmente sem experiência de vida consolidada.

O tratamento dessa importante necessidade definitivamente deve ser supervisionado de perto por um profissional habilitado; Senão ao invés de prevenção, o programa pode ser um indutor de distúrbio comportamental, visto que poderiam a vivenciar comportamento de bando, bulling e diversas formas de agressões físicas e emocionais.

Os sistemas de saúde têm em seus quadros profissionais e programas extremamente especializados e capacitados, que podem acompanhar de perto e orientar esses jovens. Temos nos NASF´s, nos programas de DST/Aids e nos ESF; psicólogos, enfermeiros e médicos que já o fazem com ilibada ética e competência.

Devemos refletir sobre o assunto com prudência, e verificarmos com atenção devida, para onde estamos conduzindo nossos jovens; Para que ai sim falemos em prevenção. Largá-los à própria sorte é negligencia... é se livrar do problema.

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