Quando se fala em saúde, as pessoas de imediato
visualizam o médico, o enfermeiro, o hospital, a unidade de saúde... De fato
essas peças são a parte fundamental, mas não hoje as únicas engrenagens do
atual conceito de saúde global.
O colapso na atenção digna ao paciente em grande
parte do pais mostra que o conceito de saúde não deve se restringir única e
exclusivamente ao tratamento. É preciso que sejam demandados esforços para a
promoção da saúde ambiental e prevenção efetiva de doenças.
As pessoas, os profissionais e o sistema é
condicionado a ter no tratamento a ação mais fundamental do SUS. Esse conceito
é facilmente justificável quando consideramos e entendemos a origem do modelo
social hoje existente no Brasil. A pouco mais de 50 anos, nossa base social era
eminentemente rural e pouco tecnificada, com ambientes urbanos pouco densos e
situação ambiental mais preservada.
Por força da condição de vida da época , as
pessoas se exercitavam mais, os animais estavam basicamente no campo, sem
disputar espaço com os humanos; Os vetores em geral estavam em seu habitat
natural. A demanda de fato era por atendimento clínico para as pessoas que
adoeciam; A prevenção era literalmente natural.
Hoje em dia, todas as pessoas são comprovadamente
mais sedentários; Os animais que antes estavam no campo, hoje estão nos
quintais das casas. As cidades invadiram áreas de preservação e tornaram seus
cidadãos expostos à insetos que são vetores de diversas doenças emergentes.
Obviamente como conseqüência, a população está mais doentes e as unidades de
saúde, médicos e hospitais, não são mais suficientes.
Nessa situação urge a necessidade de que esforços
sejam direcionados a mudanças de comportamento coletivo para a melhoria das
condições de ambiente, bem como a prevenção sejam tão efetivas a ponto de
diminuir as filas de forma que haja melhor qualidade de atendimentos.
Falta que o sistema adote essa atitude.
Infelizmente hoje ainda vivemos no SUS a lógica inversa. Os manuais de controle
da Dengue e da leishmaniose, por exemplo, não tem a mudança comportamental da
população, a prevenção, a vigilância ambiental e a eliminação vetorial como
ações principais, mas sim como complementos ao tratamento das pessoas.
Apesar não haver a mínima lógica, por esses
manuais, ainda que tenhamos a comprovação clara de aumento vetorial, e a
certificação de todos os fatores de risco de aparecimento de uma determinada
doença, nada pode ser feito até que hajam doentes. Primeiro é preciso aguardar
inerte, vendo que há o surgimento de nova epidemia, para somente depois correr
atrás da eliminação do vetor.
O foco como sempre continua sendo o atendimento e
não a prevenção. Cabe-nos torcer para que o sistema inverta essa lógica com
urgência, pelo bem das pessoas que dependem do SUS.
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