sexta-feira, 25 de maio de 2012

Prevenção no SUS

Por Edu Marcondes



Quando se fala em saúde, as pessoas de imediato visualizam o médico, o enfermeiro, o hospital, a unidade de saúde... De fato essas peças são a parte fundamental, mas não hoje as únicas engrenagens do atual conceito de saúde global.


O colapso na atenção digna ao paciente em grande parte do pais mostra que o conceito de saúde não deve se restringir única e exclusivamente ao tratamento. É preciso que sejam demandados esforços para a promoção da saúde ambiental e prevenção efetiva de doenças.


As pessoas, os profissionais e o sistema é condicionado a ter no tratamento a ação mais fundamental do SUS. Esse conceito é facilmente justificável quando consideramos e entendemos a origem do modelo social hoje existente no Brasil. A pouco mais de 50 anos, nossa base social era eminentemente rural e pouco tecnificada, com ambientes urbanos pouco densos e situação ambiental mais preservada.


Por força da condição de vida da época , as pessoas se exercitavam mais, os animais estavam basicamente no campo, sem disputar espaço com os humanos; Os vetores em geral estavam em seu habitat natural. A demanda de fato era por atendimento clínico para as pessoas que adoeciam; A prevenção era literalmente natural.


Hoje em dia, todas as pessoas são comprovadamente mais sedentários; Os animais que antes estavam no campo, hoje estão nos quintais das casas. As cidades invadiram áreas de preservação e tornaram seus cidadãos expostos à insetos que são vetores de diversas doenças emergentes. Obviamente como conseqüência, a população está mais doentes e as unidades de saúde, médicos e hospitais, não são mais suficientes.


Nessa situação urge a necessidade de que esforços sejam direcionados a mudanças de comportamento coletivo para a melhoria das condições de ambiente, bem como a prevenção sejam tão efetivas a ponto de diminuir as filas de forma que haja melhor qualidade de atendimentos.


Falta que o sistema adote essa atitude. Infelizmente hoje ainda vivemos no SUS a lógica inversa. Os manuais de controle da Dengue e da leishmaniose, por exemplo, não tem a mudança comportamental da população, a prevenção, a vigilância ambiental e a eliminação vetorial como ações principais, mas sim como complementos ao tratamento das pessoas.


Apesar não haver a mínima lógica, por esses manuais, ainda que tenhamos a comprovação clara de aumento vetorial, e a certificação de todos os fatores de risco de aparecimento de uma determinada doença, nada pode ser feito até que hajam doentes. Primeiro é preciso aguardar inerte, vendo que há o surgimento de nova epidemia, para somente depois correr atrás da eliminação do vetor.


O foco como sempre continua sendo o atendimento e não a prevenção. Cabe-nos torcer para que o sistema inverta essa lógica com urgência, pelo bem das pessoas que dependem do SUS.


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