terça-feira, 15 de maio de 2012

O Que é Vigilância em Saúde?

Por Edu Marcondes



Após pouco mais de 1 ano a frente do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, me vejo a volta ainda com conceitos que sempre geraram desconforto, sobretudo político quando o tema é vigilância.

Fizemos nesse período, um gigantesco esforço para mostrar a própria equipe o que é de fato vigilância, e seu relevante papel social e de saúde pública, sobretudo pelos efeitos que exerce na prevenção de doenças e no comportamento social voltado ao bom manejo ambiental e de saúde no ambiente urbano. 

Para começar foi preciso mostrar para as equipes do Departamento de Vigilância em Saúde e da própria Secretaria Municipal de Saúde, os princípios doutrinários da vigilância que estabelece-e sobre 4 eixos (se assim podemos definir) principais que são: Vigilância Ambiental, Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, e Saúde do Trabalhador. 

Claramente esses conceitos não eram conhecidos, motivo pelo qual as próprias equipes não conseguiam visualizar sua participação coordenada em um departamento, em que elas eram uma parte e não uma atividade independente, individual. Mostrar-lhes que o CCZ, a Vigilância Sanitária, a Vigilância Epidemiológica, a Imunização, o CEREST, o TB/Hansen e o DST/Aids, eram um conjunto foi o inicio.

A seguir criar mecanismos que pudessem esses conceitos com atitudes e ações que colocasse essa estrutura toda a serviço da secretaria de saúde, com vistas a cumprir seu papel principal de identificar as doenças e gerar prevenção por meio da conhecida promoção à saúde, configurou-se em outro grande desafio.  

Contudo hoje podemos verificar que os colegas e os demais profissionais de saúde pública de nossa cidade, já conseguem encarar a vigilância como um parceiro, como o braço da saúde que pode auxiliá-lo a diminuir as filas das unidades e dos hospitais, o segmento que pode ajudá-lo a conscientizar os cidadãos de sua área de atuação. 

Os novos conceitos do SUS, falam muito fortemente sobre a formação das redes de saúde, mas na prática se os gestores e principalmente os profissionais não assumirem os conhecimentos sobre os papel institucional de cada segmento, para fazê-los funcionar adequadamente, certamente essas redes nunca funcionarão a contento. Em Dourados, podemos afirmar que está sendo possível mostrar de que forma podemos nos aproximar e nos interligar. 

Porém infelizmente, ainda fazer com que esses conceitos passem a ser melhor entendidos pelos gestores políticos e pela sociedade em geral, é um desafio. É uma realidade bastante clara que nem mesmo as maiores autoridades políticas de nossa e todas as cidades brasileiras, conseguem entender sequer o organograma básico de suas secretarias de saúde. Imaginem se seria possível entenderem a vigilância, que justamente é o segmento da saúde que tem o poder de polícia sanitária e onde se aplicam leis. 

Mudar a imagem da vigilância para esses políticos e para a sociedade em geral me parecer ser hoje o maior desafio a ser superado, não é mais possível ter a indesejada imagem de policiais, inimigo dos empresários e carrascos dos serviços de saúde. A Vigilância precisa mostrar que apesar de ter a poder legal para tomar medidas de polícia, e as usar contra os cidadãos que colocarem em risco a saúde da coletividade. Deve antes esgotar todos os meios possíveis e imagináveis de mobilização, e conscientização coletiva, e que de sua  participação podem ser evitados incontáveis casos de doenças que trarão sofrimento às famílias. Que está ao lado da população pelo seu bem!

Um comentário:

  1. Olá Eduardo.

    Li seu artigo, muito importante e esclarecedor quanto à função da vigilância em saúde, base norteadora de ação, planejamento, estratégia e avaliação das ações que protegem a saúde da comunidade, considerada como conjunto de todos indivíduos.
    Acredito que uma boa parte da dificuldade de se trocar ou renovar alguns paradigmas relativos a forma de abordar a saúde venha da própria formação acadêmica de boa parte dos profissionais, aos quais me incluo. Formação pouco fundada na compreensão e importância de se combater os reais inimigos da saúde, os determinantes das doenças,e ao mesmo tempo estimular os determinantes de saúde.
    Outra dificuldade é a própria passividade da comunidade em relação à sua responsabilidade social em proteger a própria saúde e a de todos em volta, principalmente nos casos onde os agentes das doenças não respeitam os limites das residências e sua difusão está estreitamente ligada a hábitos intensamente desaconselhados pelas inúmeras campanhas públicas. Talvez uma questão de cidadania ativa?
    Ainda, pela necessidade de passar necessariamente pela trabalho coordenado, intersetorial e interdisciplinar, o sucesso da aplicação das estratégias de prevenção, muito bem coordenadas e estimuladas na sua figura, esbarram algumas vezes em nossa falta de prática, o que , com certeza, a cada dia permite-nos superar as dificuldades de nos engrenarmos em uma só máquina: a que ajuda construir uma Dourados mais saudável e feliz.
    Mesmo expostas as dificuldades e desafios, superáveis e se superando com sua ajuda, tenho firme convicção, que estamos no caminho certo.
    Ótimo artigo. Parabéns. Sérgio Rôas.

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