quinta-feira, 4 de julho de 2013

Política de Saúde X Política com a Saúde

Por Edu Marcondes


  A política quer queiram ou não faz parte do cotidiano de todas as pessoas. O ser humano definitivamente é uma espécie política. Esse fato, porém não deve, ou pelo menos não deviria, ser desvirtuado e transformar os agentes públicos em politiqueiros como acabamos vendo não raras vezes.

  Se a política faz parte da sociedade e o nosso sistema de saúde é fruto das lutas e demandas sociais que geraram a reforma sanitária; Certamente ele deve ser pautado por políticas publicas que atendam esse anseio social. E quero aqui me atrever a afirmar que esse deva ser um dos grandes problemas do SUS.

  Entremos aqui em um ambiente até certo ponto complexo acerca dos limites da política, das políticas publicas e da popularmente chamada politicagem. A política propriamente dita deve ser entendida pela dinâmica de interação social que direciona as diversas necessidades. Na prática é feita por meio de representação – do voto – de confiança que é dado a um agente para nos representar.

  Já política publica, é fruto da interação política que gera serviços que atendam a todos os cidadãos. Na prática é quando os agentes públicos, representantes de todos nós se articulam, debatem, e fruto do consenso ou da vontade da maioria, define regras, e serviços para todos. Essas regras e serviços são as políticas publicas.

  Na teoria toda essa articulação é de fato muito boa e eficiente e mantém o equilíbrio da nossa sociedade moderna, com menos guerras e menos confrontos. O grande problema se dá quando algum grupo, vários grupos, não aceita a decisão da maioria, não cedem ou pior usam de artimanhas, pressões e distorções da verdade para manipular as pessoas menos envolvidas diretamente.

  Daí começa a parte mais perversa da articulação social, comumente chamada politicagem. Que nada mais é do que usar a política para o beneficio pessoal ou de um grupo especifico sem pensar ou ceder em prol do coletivo.

  No SUS é possível certificar ao longo do tempo, que a politicagem, ou uso político da saúde tem contaminado o sistema de uma maneira brutal. Não existe uma campanha em que a pauta não seja a saúde. Claro e bem verdade fruto da real necessidade das pessoas, e da sempre crescente necessidade de melhoria.

  Daí pintar todo o sistema como uma grande catástrofe se utilizando do sofrimento das pessoas para angariar ganho para grupos que segmentam e se sedimentam por dentro do sistema é certamente pura maldade. Sim, porque não imaginem que quando aparece na mídia que um hospital está sem recursos financeiros alguém não esteja por trás.

  Existem artimanhas e interesses de toda sorte infestando o SUS. Desde uso de numero de morte para forçar uma contratualização, sendo que depois de alguns, o contratado que usou os dados para forçar um contrato milionário, iludindo a população que a partir dalí ninguém mais morreria na unidade, esconde o número maior de mortes.

  Grupos de profissionais que para aumentarem seus contratos de plantões usam a mídia para expor a deficiência física de determinada unidade. Conselheiros de saúde que apenas buscam furar as filas de atendimento para conhecidos, para com isso se eleger em eleições futuras. Políticos eleitos que pegam uns ou outros que sofrem de verdade se utilizam de seus sofrimentos para atingir a gestão e buscar ganho político. Gestão participativa, que não se preocupa nem um pouco em proceder a políticas de saúde para sua comunidade e apenas em quebrar galhos ou pressionar a gestão para também buscar benefícios pessoais ou políticos.

  Além, dessas outra gama de situações especificas acontecem todos os dias e emporcalham o melhor sistema de saúde do mundo. É importante que tudo que se ouça ou veja a respeito do SUS, seja ponderado com calma e clareza. Que o sistema seja entendido, em toda sua essência.


  Por isso é preciso que as pessoas de bem que acreditam de fato no sistema, lutem a cada dia, dentro de pequeno espaço de trabalho para que essas e todas as outras coisas que prejudiquem o SUS não ganhem eco. Para que um dia tenhamos de fato um sistema pautado por políticas de saúde que atendam a todos, e não por interesses políticos diversos.

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