sexta-feira, 12 de julho de 2013

Dia “D” de combate à Dengue deve ser todos os Dias

Por Edu Marcondes


Ontem foi um dia agitado para o combate a Dengue no município de Dourados-Ms. O famoso e conhecido dia D. Quando comecei a trabalhar na secretaria municipal de saúde em 2007, esse dia D, acontecia apenas uma vez por ano, no inicio do período de chuvas.

Mutirões e mobilizações aconteciam vez por outra. Isso me intrigava; Todos sabem que a Dengue é uma doença de transmissão vetorial com grande adaptação urbana no modelo de vida de nossa sociedade atual. O Aedes aegipty está no nosso meio, e o trabalho de eliminação desse mosquito não pode acontecer apenas uma vez por ano.

Até onde sei o mosquito não conhece calendário nem respeita regra. Ninguém nunca o avisou que de a partir de novembro ele deve dormir pra não propalar o vírus pela população.

É importante que haja uma mudança de comportamento constante e progressivo de toda a população. Os dias “D” na verdade devem ter o objetivo de servir como lembrete para o povo. É como se poder público alertasse a população que ela está descuidando do mosquito.

É claro e cientificamente comprovado que a Dengue ocorre durante o ano todo e que ela não acaba. Não existe erradicação de doença, portanto devemos aprender a conviver com ela. Temos que desenvolver forma de manter as pessoas permanentemente engajadas no sentido de evitar a proliferação do Aedes de forma descontrolada.

A história tem demonstrado que essa é a forma mais contundente e efetiva de manter a Dengue sob controle, com níveis aceitáveis de casos notificados e principalmente sem óbitos evitáveis. Porém o controle de infestação vetorial é a única forma viável de controle.

Nesse ponto fica evidente que a política pública de saúde está enviesada e dá atenção prioritária ao tratamento e não a prevenção e controle vetorial. O Programa Nacional de Combate a Dengue (PNCD), que apesar de ser um ótimo programa, possui exorbitantes falhas que acabam por inverter a lógica de controle da doença.

Pelo PNCD, a base de prevenção da doença se dá por visitas domiciliares, o que é inquestionável; Contudo a forma de realização dessas visitas de forma engessada e fixa em um micro-território tem se mostrado cheio de falhas já que possibilita diversos vícios de agentes com moradores, além de estar limitando demasiadamente as visitas em torno de 20 por dia, o que nem sempre é suficiente para uma prevenção efetiva.

Outra falha é crer que a visita domiciliar irá resolver o problema. Na verdade, a visita é, e deve ser feita com o conceito básico de vigilância em saúde, ou seja, identificar os focos de risco e orientar o morador para melhor se prevenir. Lembrem-se que se tudo correr muito bem, as visitas ocorrer no mesmo domicilio 1 vez a cada 60 dias, e que o ciclo do mosquito se renova a cada 15 dias em média.

Por isso definitivamente as visitas, tem o objetivo de monitoramento e de orientação. Ela não resolve o problema! Então porque encarar o PNCD, como se fosse uma bíblia, engessada e intransigente.

As equipes em Dourados-Ms captaram essa idéia e tem trabalhado de forma intensiva, com grande mobilidade no território e de forma permanente. Em nossa cidade, não existe apenas 1 dia D no ano, e mobilizações apenas nos períodos de epidemia.

Por aqui as ações compartilhadas são semanais, os mutirões e mobilização são utilizados a qualquer sinal de aumento de infestação vetorial e os dias D, a cada novo Levantamento de Índice Rápido – LIRA, para baixar com agilidade os focos nas regiões com maior concentração.

Desse modo e não por acaso a prevenção desempenhada pelos agentes de endemias, e agentes comunitários de saúde, de forma articulada e permanente no território; aliado a aplicação constante da lei da Dengue, tem causado a mudança de comportamento da população e conseqüentemente tem mantido a doença sob controle na cidade.


Portando ao registrar o ótimo trabalho desempenhado por todos os agentes envolvidos nessa ação permanente, fica a necessidade de manutenção dessas atividades para que Dourados-Ms continue na traseira do estado quando o assunto é casos de Dengue.

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