quarta-feira, 18 de abril de 2012

TUBERCULOSE - DOENÇA PENETROU NO IMAGINÁRIO POPULAR

Consumpção, delicada, doença ruim, febre hética, fimia, fininha, magra, mal de secar, mal dos peitos, moléstia-magra, seca, tíbia, tísica, peste branca...

A profusão de sinônimos nos dicionários para designar a tuberculose dá bem a medida de quanto a doença penetrou no imaginário popular. Quando seres humanos temem algo, o primeiro impulso é providenciar-lhe um eufemismo.

Em meados do século 20, com os antibióticos, imaginou-se que as moléstias infecciosas estariam controladas para sempre. O sonho durou pouco. O fenômeno da resistência às drogas antibacterianas, aliado a assimetrias no crescimento econômico, transformou a TB (abreviatura que também é uma forma de eufemismo) em uma doença endêmica na maior parte dos países em desenvolvimento.

É um notável progresso, portanto, a notícia do Ministério da Saúde de que a incidência da moléstia e sua mortalidade estão caindo no Brasil. Em 2011, foram registrados 36 casos de TB para cada grupo de 100 mil habitantes, contra 42,8 casos em 2001 (queda de 15,9%). Com relação às mortes, a redução foi de 23,4%.

Vários elementos contribuíram para a melhora. Entre ações específicas, vale destacar a ampliação do tratamento supervisionado, no qual um agente de saúde ou alguém que recebeu treinamento se certifica de que o paciente toma diariamente os remédios.

A terapia, que em geral dura seis meses, precisa ser levada até o fim. Caso contrário, a doença pode voltar sob formas resistentes, cujo tratamento é mais caro e complexo.

A adoção de associações de antibióticos em doses padronizadas também ajudou, por reduzir a quantidade de pílulas que o paciente precisa tomar. Causas mais remotas, como a melhoria na renda da população e seus efeitos sobre as condições de moradia, também podem ter contribuído.

Seria um erro, no entanto, acreditar que a batalha esteja ganha. Apenas no ano passado, 4.600 pessoas morreram em decorrência da tuberculose no país, e houve mais de 69 mil novas infecções.

Cada vez mais o bacilo se especializa em populações vulneráveis, como moradores de rua, portadores de Aids, subnutridos crônicos e indígenas. Merecem também atenção dependentes de drogas, que não raro reúnem parte dessas características numa só pessoa.


Fonte: Folha de S.Paulo - http://www.cfmv.org.br/portal/noticia.php?cod=2662

Heleno, Sífilis, Negligência...

"Recebi esse texto por email, e como consta o autor, resolvi publicá-lo, em consideração a relevância em relação às DST´s..." - Edu Marcondes

Pessoal,

Há dias, assisti ao filme Heleno (grande jogador de futebol do Botafogo, 1920-1959).
Gosto muito de cinema, mas, honestamente, neste caso, meu interesse maior era ver a abordagem que seria dada à história de um astro que teve sífilis e dela morreu em um sanatório.

Não sou critico de cinema, todavia me sinto no direito de fazer alguns comentários. Os autores fizeram um filme primoroso. Embora retrate a vida de um jogador de futebol, o esporte não é o foco principal. A meu ver, o filme é sobre comportamento humano – a história de um homem que escolhe um estilo de vida que define seu trágico futuro. Rodrigo Santoro, no papel de Heleno, tem desempenho digno das maiores premiações nacionais e internacionais. Com certeza, muitos e merecidos prêmios virão para a obra.

No entanto, cabem algumas reflexões de outro teor. A palavra sífilis só é pronunciada uma vez, ao longo de todo o filme. A abordagem dos médicos, em relação ao tema da DST, se não me engano, ocorre em apenas duas ocasiões. Ainda assim, foram observações apáticas, sem mostrar qualquer enfático interesse em que o cliente se tratasse. Nas entrelinhas, era como se lhe dissessem: "O senhor tem sífilis e trate-se se quiser." Em relação às pessoas com quem Heleno mantinha relações sexuais, os médicos não esboçaram qualquer preocupação. Ficamos sem saber se as mulheres com quem ele se relacionou sexualmente também contraíram a doença. 

Ainda não foi dessa vez que a sífilis e as DSTs conquistaram uma boa visibilidade, na tela maior. Não foi dessa vez que médicos apareceram com condutas proativas em relação às doenças sexualmente transmissíveis. Aprendi que a arte não tem o compromisso de responder a questões, tampouco de trazer explicações. A arte deve, sim, inquietar, levar o espectador a refletir.
De algum modo, Heleno me inquietou. Não por ter alertado sobre a gravidade das questões ligadas às DSTs, mas por ter silenciado a esse respeito.

Precisamos atuar em todos os cenários, para que menos pessoas sofram de flagelos que há milênios afligem os seres humanos, a despeito de todos os conhecimentos científicos e de todos os recursos disponíveis para combatê-los.

Por fim, vale ressaltar que, independentemente do meu forte, e, muitas vezes, chato, viés de especialista em DST, recomendo o filme. É obra imperdível e traduz com perfeição a alta qualidade do cinema brasileiro da atualidade.

Mauro Romero Leal Passos
Chefe do Setor de DST da Universidade Federal Fluminense
Editor-chefe do Jornal Brasileiro de DST

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A generosidade

por Paulo Coelho |categoria Todas

Muhammad ib Sugah conta a história de Abdulah e Mansur, dois fiéis muçulmanos.
Certo dia, Abdulah pediu ajuda ao amigo. O tempo foi passando, e nenhuma ajuda foi dada. Um dia, Mansur perguntou: “meu irmão, você me pediu ajuda, e eu não fiz nada. No entanto, você parece não ter se irritado com isto”.
“Temos uma longa amizade. Aprendi a amar-te antes de precisar de um favor. E consigo continuar te amando, não importa se tu me atendes ou não”.
Mansur respondeu: “eu não fiz o que pediste, porque queria saber a força de teu desejo. Vi que esta força é maior do que a discórdia e o ódio; amanhã você terá o que pediu”.

MEC PASSA A RECONHECER RESIDÊNCIA DE VETERINÁRIA E OFERECE 169 BOLSAS

Formalização é acompanhada da criação e concessão de 169 bolsas para residentes

Matéria: O Estado de S.Paulo

O Ministério da Educação (MEC) formalizou o reconhecimento da residência em Medicina Veterinária com a criação e concessão, a partir deste mês, de 169 bolsas para residentes. A partir de agora, o MEC passa a reconhecer os programas como pós-graduação lato sensu, além de regular e financiar a modalidade.

A residência na área de saúde é uma modalidade de pós voltada aos recém-formados, com características de treinamento profissional supervisionado. Trata-se de uma espécie de estágio, em hospital, por tempo integral. Só é obrigatória para alguns campos de trabalho, mas é vista por especialistas de saúde como etapa extremamente importante para a formação.

As novas bolsas são no valor R$ 2.384,82 mensais. Os hospitais ligados a universidade federais receberam essa primeira leva de bolsas, que têm duração de dois anos.

Na área veterinária, a residência tem quatro décadas no Brasil (mais informações nesta página). Somente em 2005, com a criação da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), do MEC, a modalidade foi englobada a outras residências na área de saúde. E só agora, com as bolsas do governo, há uma oficialização e uma diretriz mais definida.

Houve atualização do processo seletivo e orientação dos programas. A carga horária mínima foi fixada em 60 horas semanais - em alguns cursos, era de 48 horas -, com a duração de dois anos. Também houve outras regulamentações, como a abertura para que veterinários não professores possam orientar os residentes.

Até o ano passado, cada instituição construía o seu programa. Apenas o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) mantinha um acompanhamento de qualidade desses cursos, reconhecendo os programas. Dos 170 cursos de Veterinária do País, 60 mantêm cursos de residência (35,3%), mas apenas 21 (35%) têm esse reconhecimento do CFMV. Nos Estados Unidos, por exemplo, todas as escolas do tipo oferecem o programa.

Impulso. O presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, afirma que o reconhecimento pelo MEC da residência nesta área é uma demanda de mais de 20 anos do conselho. "O número de vagas em residência ainda é muito reduzido. Com a iniciativa do MEC, contemplam-se as escolas que já têm residência, para que elas possam se estabelecer, e há um incentivo para criação de novos cursos."

Arruda acredita que a bolsa vai estimular os formados a procurarem a residência. Hoje, a maioria dos programas de residência tem bolsas pagas pela própria instituição, com valores em torno de R$ 1 mil. O valor não seduz muito o recém-formado, que acaba procurando melhor remuneração no mercado de trabalho. "Há um ganho substancial para quem faz a residência, porque é um treinamento em serviço."

O curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi um dos contemplados pelo benefício - recebeu 20 bolsas. "Isso vem valorizar o profissional residente dentro da instituição", comemora a coordenadora da residência em veterinária da UFMG, Gilcinea Cássia Santana.

A capixaba Jackeline Rezende, de 28 anos, já havia cursado em 2011 um ano do modelo antigo de residência oferecido pela UFMG. Já poderia ter partido para o mercado de trabalho - ela quer cuidar dos cavalos do Exército -, mas preferiu entrar no novo programa do MEC. Vai se dedicar mais dois anos ao hospital universitário, tudo pela confiança em obter um melhor preparo.

"Para quem quer trabalhar no campo, a residência é primordial. Você fica apto a tomar decisões. Tem respaldo dos professores da clínica, mas com a liberdade de agir como veterinária, discutindo o prognóstico", diz ela.

Clique aqui e confira a matéria


Assessoria de Comunicação CFMV

Saúde e Prevenção na Escola - Prevenindo O QUE?

Por Edu Marcondes


Fruto um projeto com apoio institucional entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, surgiu um programa denominado “Saúde e Prevenção na Escola” – SPE. O foco, segundo consta seria o desenvolvimento de ações de prevenção às DST/Aids, junto a jovens por meio de uma metodologia, até certo ponto insegura.

A poucos dias participei de uma reunião técnica; Com os responsáveis pelo programa no estado de Mato Grosso do Sul, da saúde e da educação. Na explanação as técnicas buscavam a adesão de nosso município ao referido programa, sempre exaltando a característica inclusiva  por meio de participação de adolescentes ao redor dos 15 anos de idade, sendo esses auto condutores e disseminadores de teorias que lhe seriam fornecidas por meio de capacitações na secretaria estadual.

Foram apresentados materiais didáticos que seriam os norteadores dessas capacitações e ainda descreviam o que seria a participação da saúde nesse contexto. Segundo as técnicas, a participação da saúde estaria ligada diretamente à Atenção Básica, por meio de profissionais que pudessem acolher possíveis portadores de DST, identificados no universo desses jovens.

Após refletir por vários dias tudo o que ouvi e vi sobre o programa, surgiram perguntas que não se calam em meus pensamentos; O que de fato esse programa está prevenindo? Sim, porque me desculpem as nobres técnicas que fizeram a apresentação – O programa, da forma que apresentaram não previne de fato nada. Ele apenas ensina os jovens a identificar possíveis agravos e a procuram apoio na atenção básica. Esse programa foi formatado muito mais voltado à inclusão social das diversidades do que propriamente à prevenção.

O SPE se mostrou, com um tremendo desconhecimento sobre a estruturação do sistema de saúde pública. E justamente por isso se torna ineficiente para prevenção de DST´s, sobretudo se for considerada a complexidade do tema proposto.

Não podemos deixar que seja passada a estrutura enviesada de um programa com um objetivo  tão relevante quanto a prevenção das DST´s, se não está nele bem conceituado a premissa básica de um sistema de saúde. Não está claro sequer o que é acolhimento, atenção e o que prevenção.

Pelo que foi proposto, os jovens iriam trabalhar a abordagem técnica das DST/Aids, conduzidos pelo colega capacitado (conforme já descrito) e em tendo dificuldades iriam buscar atendimento da Equipe de Saúde da Família do território onde estivesse inserido. Essa possibilidade, porém se torna temerosa, ao passo em uma abordagem extremamente técnica seria abordada e tratada por jovens, que ainda não possuem reação comportamental, sexualidade, e personalidade totalmente definidos, e principalmente sem experiência de vida consolidada.

O tratamento dessa importante necessidade definitivamente deve ser supervisionado de perto por um profissional habilitado; Senão ao invés de prevenção, o programa pode ser um indutor de distúrbio comportamental, visto que poderiam a vivenciar comportamento de bando, bulling e diversas formas de agressões físicas e emocionais.

Os sistemas de saúde têm em seus quadros profissionais e programas extremamente especializados e capacitados, que podem acompanhar de perto e orientar esses jovens. Temos nos NASF´s, nos programas de DST/Aids e nos ESF; psicólogos, enfermeiros e médicos que já o fazem com ilibada ética e competência.

Devemos refletir sobre o assunto com prudência, e verificarmos com atenção devida, para onde estamos conduzindo nossos jovens; Para que ai sim falemos em prevenção. Largá-los à própria sorte é negligencia... é se livrar do problema.