Por Edu Marcondes
Ocorreram na ultima semana 3 oficinas de trabalho
com objetivo de proceder o planejamento da secretaria de saúde de Dourados-Ms,
para o próximo triênio. Sem dúvida foram
oportunidades bastante profícuas de revitalização de preceitos do sistema de
saúde no município que acabam esquecidos no dia a dia.
Ao que se observa boa parte que havia sido
proposto no ultimo plano de saúde, certamente foi cumprido e bem cumprido.
Outros ainda permanecem pendentes. E justamente ao verificar o que ainda
permanece pendente é que surge a oportunidade de entender o sistema.
Antes, porém de refletirmos sobre alguns pontos
vitais do sistema, temos que verificar e certificar ao participar da reunião de
construção da rede de urgência e emergência do município que a vigilância em
saúde ainda permanece à margem das atuações de saúde.
Poucos profissionais de saúde conseguem perceber
o papel abrangente que a vigilância assumiu na ultima década. Porém ainda que
tarde foi muito importante e salutar para a vigilância ter sido convidada a
compor as oficinas de construção dessa importante rede de saúde.
Para quem não sabe a rede de saúde é nada mais
nada menos que a integração de todos os serviços que contemplam determinado
segmento do SUS. Por exemplo, as ações de urgência e emergência. Para tanto é
preciso que seja definido o conceito de que esse segmento não se limita apenas
ao atendimento hospitalar.
Desde o atendimento primário de um acidente, seu
percurso, sua internação, notificação, causa, e acompanhamento posterior, devem
compor a rede. Ter claro também que a causa de uma urgência, não é apenas um
acidente. Uma gripe mal curada pode levar a situação de emergência; Uma
mordedura de animal, também. Enfim as causas e conseqüências de urgência e emergência
são as mais diversas e, portanto sua rede de atenção deve ser bastante ampla.
Mas voltando a falar de planejamento,
especificamente, temos que se lembrar do que o SUS se propõe de fato fazer
enquanto sistema de saúde. Na lei 8080, a base do SUS; Fica claro que no inicio
o foco é a melhoria das condições de vida da população, a saúde preventiva. Não
se esboçava questões mais complexas, como a urgência e emergência, por exemplo.
Diante disso ao analisar os indicadores de saúde
e de qualidade de vida da população brasileira, amplamente divulgados e
repercutidos pela imprensa na ultima semana, fica claro que o SUS funciona sim,
e que muito bem cumpriu seu papel até aqui.
O que acontece e que nos coloca diante de um difícil
dilema, é justamente porque o SUS funciona muito bem. Ele está criando uma nova
realidade. A realidade de um país de idosos que tem doenças cada vez mais difíceis
de tratamento e a um custo extremamente elevado.
Ao discutir planejamento para os próximos 3 anos,
todos os técnicos envolvidos vêem-se diante dessa dura e complexa dificuldade.
Como criar um sistema de saúde que continue atuando na promoção e prevenção,
mas ao mesmo tempo ampliando o leque de atuação do SUS as altas complexidades e
com o mesmo recurso de outrora.
As dificuldades são tremendas, desde pensar em
fontes de financiamento para pagar funcionários cada vez mais capacitados e
caros. Que exigem a cada dia estrutura mais complexa de trabalho, e melhores
salários. Até imaginar condições de contratualizações que atendam todas as
populações em todas as suas necessidades. Sem perder de vista as demandas
vindas da população pelos meios de gestão participativa.
Foram diversas opiniões e visões que convergiram
basicamente sempre em duas situações, ou, dois problemas claros que emperram o
sistema hoje em dia; O financiamento, sempre e cada vez mais exíguo por todas
as dificuldades já descritas, e o problema gerencial e operativo do sistema em
todas suas esferas.
Quanto às questões gerenciais e operativas, podem-se
criar duas linhas de problemas a serem solucionados. Sendo o primeiro
relacionado à falta de comprometimento de boa parte dos servidores de todas as
categorias indistintamente. É comum a postura do servidor que joga o problema
para os outros, ou para o ser maior.... Como se uma entidade fosse aparecer do
nada e solucionar suas dificuldades e frustrações cotidianas. Isso é um
problema muito serio a ser combatido, todos precisam se comprometer e assumir
seu papel.
Outra linha a ser solucionada, é quanto a
necessidade de postura gerencial dos chefes mesmo. De fiscalizar, cobrar, fazer
acontecer. Infelizmente em qualquer esfera a pessoa que se disponibilize a ser
chefe não pode se eximir de tomar decisões.
Decisões geralmente desagradam alguns, e,
portanto os chefes, desde o de menor escalão, não podem ter o receio de desagradar.
Definitivamente não se pode cometer injustiças ou ilegalidades de qualquer
forma. Mas as decisões pelo bem do sistema precisam e devem ser tomadas.
Como vemos as necessidades do SUS são maiores e
mais complexas, contudo os números mostram que ele funciona que ele ainda é o
melhor sistema de saúde do mundo. Como ira se reinventar frente a nova
realidade, parece que ninguém sabe dizer ao certo. Porém fica claro que com o
mesmo movimento imperceptível que o trouxe até aqui, ela será conduzido ao
futuro.