terça-feira, 6 de agosto de 2013

Em 12 anos, mortalidade infantil cai 60,6% em Dourados

A taxa de mortalidade infantil de Dourados registrada em 2011 foi 60,6% menor que em 2000, segundo dados repassados ao Dourados News pelo núcleo de vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do município. De acordo com as informações, atualmente 13 crianças morrem, a cada 1 mil nascidas vivas, antes de completar um ano. No início do século a taxa era de 33 crianças mortas para o grupo apresentado.
Em pontos, o município também ficou abaixo da média estadual, que é 13,2, conforme o mesmo estudo, tendo como base números da SES (Secretaria de Estado de Saúde).
Para o gerente do núcleo de vigilância epidemiológica, Devanildo de Souza Santos, essa redução significa melhora expressiva na assistência à saúde à população, “como a manutenção de mais de 70% de cobertura da Atenção Básica, que proporciona índices elevados de cobertura vacinais e acompanhamento de nossas crianças em programas de atendimento a saúde. Contudo, mesmo com a melhora significativa, a nossa taxa de mortalidade infantil é o dobro de países de primeiro mundo”.
A principal responsável  pela elevação desse índice é mortalidade neonatal, que corresponde a 68,5% daquela taxa. Ela refere-se aos óbitos ocorridos em crianças de 0 a 27 dias de vida completos, por 1 mil nascidos vivos.
“Os dados indicam que apesar do acompanhamento do pré-natal de baixo e alto risco, a nossa referência para a assistência ao parto e o acompanhamento do binômio durante o puerpério [pós-parto] ser ações que necessitem ser melhoradas. Vínhamos de uma realidade de mais de 14 óbitos por mil desde 2006, para 8,9 em 2011”, disse o gerente do núcleo de vigilância epidemiológica.
"Assim como houve redução das mortes neonatais também aconteceu na mortalidade pós-neonatal que se devem fundamentalmente às causas ligadas a fatores ambientais, tais como as doenças infecciosas e a desnutrição. “A nossa realidade mudou de 2000 a 2011, saímos de um patamar de 13 para 4,2 óbitos de crianças com 28 dias a menor de ano de idade em 2011”, ressaltou Devanildo Santos.

Brasil e MS

De acordo com as “Tábuas Abreviadas de Mortalidade por Sexo e Idade: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação”, de 2010, divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os dados de Dourados são um reflexo do acontecido no país, pois entre 1980 e 2010, a taxa de mortalidade infantil reduziu-se em 75,8%, ao declinar de 69,1% para 16,7%.
No Mato Grosso do Sul o decréscimo entre 1980 e 2010 foi de -30,8 crianças mortas por 1 mil nascidas vivas. Em 1980 a taxa de mortalidade total era de 49,8, enquanto em 2010 a taxa baixou para 17,0. Em relação as crianças do sexo masculino a redução foi de -37,2 e as do sexo feminino foi de -28,2

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Planejamento do SUS

Por Edu Marcondes




Ocorreram na ultima semana 3 oficinas de trabalho com objetivo de proceder o planejamento da secretaria de saúde de Dourados-Ms, para o próximo  triênio. Sem dúvida foram oportunidades bastante profícuas de revitalização de preceitos do sistema de saúde no município que acabam esquecidos no dia a dia.

Ao que se observa boa parte que havia sido proposto no ultimo plano de saúde, certamente foi cumprido e bem cumprido. Outros ainda permanecem pendentes. E justamente ao verificar o que ainda permanece pendente é que surge a oportunidade de entender o sistema.

Antes, porém de refletirmos sobre alguns pontos vitais do sistema, temos que verificar e certificar ao participar da reunião de construção da rede de urgência e emergência do município que a vigilância em saúde ainda permanece à margem das atuações de saúde.

Poucos profissionais de saúde conseguem perceber o papel abrangente que a vigilância assumiu na ultima década. Porém ainda que tarde foi muito importante e salutar para a vigilância ter sido convidada a compor as oficinas de construção dessa importante rede de saúde.

Para quem não sabe a rede de saúde é nada mais nada menos que a integração de todos os serviços que contemplam determinado segmento do SUS. Por exemplo, as ações de urgência e emergência. Para tanto é preciso que seja definido o conceito de que esse segmento não se limita apenas ao atendimento hospitalar.

Desde o atendimento primário de um acidente, seu percurso, sua internação, notificação, causa, e acompanhamento posterior, devem compor a rede. Ter claro também que a causa de uma urgência, não é apenas um acidente. Uma gripe mal curada pode levar a situação de emergência; Uma mordedura de animal, também. Enfim as causas e conseqüências de urgência e emergência são as mais diversas e, portanto sua rede de atenção deve ser bastante ampla.

Mas voltando a falar de planejamento, especificamente, temos que se lembrar do que o SUS se propõe de fato fazer enquanto sistema de saúde. Na lei 8080, a base do SUS; Fica claro que no inicio o foco é a melhoria das condições de vida da população, a saúde preventiva. Não se esboçava questões mais complexas, como a urgência e emergência, por exemplo.

Diante disso ao analisar os indicadores de saúde e de qualidade de vida da população brasileira, amplamente divulgados e repercutidos pela imprensa na ultima semana, fica claro que o SUS funciona sim, e que muito bem cumpriu seu papel até aqui.

O que acontece e que nos coloca diante de um difícil dilema, é justamente porque o SUS funciona muito bem. Ele está criando uma nova realidade. A realidade de um país de idosos que tem doenças cada vez mais difíceis de tratamento e a um custo extremamente elevado.

Ao discutir planejamento para os próximos 3 anos, todos os técnicos envolvidos vêem-se diante dessa dura e complexa dificuldade. Como criar um sistema de saúde que continue atuando na promoção e prevenção, mas ao mesmo tempo ampliando o leque de atuação do SUS as altas complexidades e com o mesmo recurso de outrora.

As dificuldades são tremendas, desde pensar em fontes de financiamento para pagar funcionários cada vez mais capacitados e caros. Que exigem a cada dia estrutura mais complexa de trabalho, e melhores salários. Até imaginar condições de contratualizações que atendam todas as populações em todas as suas necessidades. Sem perder de vista as demandas vindas da população pelos meios de gestão participativa.

Foram diversas opiniões e visões que convergiram basicamente sempre em duas situações, ou, dois problemas claros que emperram o sistema hoje em dia; O financiamento, sempre e cada vez mais exíguo por todas as dificuldades já descritas, e o problema gerencial e operativo do sistema em todas suas esferas.

Quanto às questões gerenciais e operativas, podem-se criar duas linhas de problemas a serem solucionados. Sendo o primeiro relacionado à falta de comprometimento de boa parte dos servidores de todas as categorias indistintamente. É comum a postura do servidor que joga o problema para os outros, ou para o ser maior.... Como se uma entidade fosse aparecer do nada e solucionar suas dificuldades e frustrações cotidianas. Isso é um problema muito serio a ser combatido, todos precisam se comprometer e assumir seu papel.

Outra linha a ser solucionada, é quanto a necessidade de postura gerencial dos chefes mesmo. De fiscalizar, cobrar, fazer acontecer. Infelizmente em qualquer esfera a pessoa que se disponibilize a ser chefe não pode se eximir de tomar decisões.

Decisões geralmente desagradam alguns, e, portanto os chefes, desde o de menor escalão, não podem ter o receio de desagradar. Definitivamente não se pode cometer injustiças ou ilegalidades de qualquer forma. Mas as decisões pelo bem do sistema precisam e devem ser tomadas.


Como vemos as necessidades do SUS são maiores e mais complexas, contudo os números mostram que ele funciona que ele ainda é o melhor sistema de saúde do mundo. Como ira se reinventar frente a nova realidade, parece que ninguém sabe dizer ao certo. Porém fica claro que com o mesmo movimento imperceptível que o trouxe até aqui, ela será conduzido ao futuro.