terça-feira, 24 de julho de 2012

MÉDICO VETERINÁRIO E SUA INSERÇÃO NO NASF

Por Edu Marcondes

Fruto de quase duas décadas de desenvolvimento de ações regulares e consistentes de profissionais médicos veterinários, junto à saúde pública, e o resultado de diversas incursões do Conselho Federal de Médico Veterinário, junto aos órgãos específicos, em outubro de 2011 a profissão por meio da portaria n° 2.488/2011, ganhou a possibilidade concreta de se inserir a Atenção Primária do SUS.

A portaria que possibilitou tal inserção é resultado da necessidade do fortalecimento e re-estruturação da atenção básica em âmbito nacional. Esse fortalecimento atualmente, mais que uma possibilidade técnica é uma necessidade premente e urgente.

É possível se fazer a certificação diária de que o SUS passa por dificuldades financeiras para dar sustentabilidade ao setor hospitalar e de alta complexidade, de forma que sempre que fez uma abordagem das causas de agravos que resultam em atenção hospitalar invariavelmente chega-se a conclusão da necessidade de reforço das ações de prevenção e promoção à saúde.

O NASF, doutrinariamente deve assumir na prática esse papel e conduzir ações permanentes de promoção em seu território que levem a redução dos índices de derrames, infartos, hipertensão crônica, entre outros. Nesse contexto o médico veterinário passa a ter uma importância crucial ao assumir para si a competência que a formação profissional lhe conferiu ao atuar nesse mesmo território de forma interdisciplinar, desenvolvendo ações de prevenção às doenças infecciosas e zoonóticas de relevância na área. Deve ainda atuar na promoção da saúde por meio da melhoria das condições ambientais, alimentares e articulando com os componentes da vigilância da rede, por meio do controle das populações animais e da educação sanitário, de manejo e conservação dos alimentos de origem animal, controle vetorial e prevenção de doenças.


GESTÃO DO SUS



Quando se fala da inserção de qualquer novo componente do sistema a primeira dúvida que surge é a dificuldade financeira por que passa o SUS.

Contudo, como já foi destacado no presente projeto é claro e vital a necessidade de que os municípios assumam o dever de desenvolver a prevenção e a promoção da saúde.

Nessa realidade o médico veterinário tem por formação as melhores características para desenvolver o controle da epidemiologia regional e de fato atuar na prevenção de campo junto às famílias.

O custo pode ser considerado irrisório, considerando a abrangência da área de atuação do NASF, assim como a pouca necessidade em equipamentos e o caráter permanente de ações preventivas que se dará em determinado território. Não há necessidade de nada mais que algum modo de deslocamento, da presença do profissional e alguns materiais de apoio didático para orientação das pessoas.



MÉTODOS DE ATUAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO NO NASF



Para a realização das ações de prevenção o médico veterinário inserido no NASF, deveria atuar preferencial sob as seguintes orientações técnicas:


1.     Visitas domiciliares: Não há como se falar e não há melhor local para se fazer prevenção do que dentro das residências das pessoas, orientando-as a criar um ambiente mais saudável para sua família. Sendo que essas visitas devem ser realizadas regularmente e permanentemente para que sejam feitas melhorias ambientais gradativas e constantes no correr do tempo criando assim ambientes cada vez mais saudáveis no território de ação.


2.     Reuniões e trabalho de grupo: Dentro do território de atuação do seu NASF, é sempre recomendável que o médico veterinário desenvolva ações de grupo com a população, levando diretamente a cada grupo orientações técnicas de manejo dos animais inseridos no ambiente, das condições de manuseio e conservação dos alimentos, dos aspectos legais sanitários e epidemiológicos regionais que possam melhorar a prevenção dos agravos naquela região.


3.     Trabalhos interdisciplinares: Ao ter a consciência plena da promoção da saúde é um conceito global, o profissional deve buscar atuar constantemente de forma a articulada com os demais profissionais que compõem a sua equipe da NASF. E deve propor ações de grupo que tenham impacto de mobilização em massa naquela comunidade e, devendo estar disponível a participar de ações propostas por outros profissionais da mesma equipe.


4.     Articulação com entidades: Sobretudo no que diz respeito à prevenção de doenças infecciosas e zoonóticas é impossível que um profissional inserido no NASF tenha condições plenas de executá-lo, sem desenvolver ações de promoção à saúde articulados como os demais componentes de vigilância em saúde por meio de ações compartilhados de Vigilância em Saúde, com ONG´s para estimulo do passe responsável, para promoção ambiental entre outros; Com instituições de ensino e clínicas veterinários da região para controle populacional e atendimentos clínicos veterinários para a população carente, quando for o caso.


RESULTADOS ESPERADOS


Pela característica de formação profissional e pela metodologia de atuação propostos, espera-se que o município ao inserir o médico veterinário no NASF, passe a ter no território de abrangência dessa equipe o monitoramento e a redução gradativa e constante dos índices de doenças infectocontagiosas tais como: leishmaniose visceral, dengue, raiva, surtos diarréicos, infecções alimentares, verminoses, toxoplasmose, micoses, dermatites e doenças de pele, doenças respiratórias alérgicas relacionadas a animais entre outras.

Além de contribuir com a equipe na prevenção de doenças cardiocirculatórias, acidentes de trânsito e sintomas respiratórios (gripes) entre outras.

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