Por Edu Marcondes
Comum é que escutemos de forma rotineira a
afirmação que a saúde não funciona; Que o SUS é uma porcaria. Que é uma catástrofe
diária. Mas será que assim mesmo? Você já parou meia hora para analisar o
sistema, seus resultados, e o comparativo com outras cidades do país e do país
em relação ao mundo?
Em face disso e por pura coincidência a mídia nacional
vem divulgando no dia de hoje, os resultados dos indicadores de desenvolvimento
humano do Brasil. Por mais coincidência ainda estamos justamente trabalhando em
nossa cidade com o plano plurianual de saúde e que tem como base justamente os
indicadores de saúde que servem de base para os calculo dos índices de
desenvolvimento humano.
De imediato é possível afirmar que até aqui com
suas qualidades e defeitos, o SUS, cumpriu e vem cumprindo seu papel proposto. A
qualidade de vida e de saúde do brasileiro aumentou substancialmente na ultima
década, e de forma acentuada nos últimos 20 anos. Nossa expectativa de vida já ultrapassou
os 70 anos; Então como alguém em sã consciência pode dizer que a saúde está
ruim?
Deixemos o discurso político fácil e passemos a
analisar alguns indicadores de Dourados- MS. Uma cidade do interior de Mato
Grosso do Sul, com 200 mil habitantes; Portanto sendo um município médio do
Brasil em sua acepção. Para tanto vejamos os dados que servem como referencia
para todos os municípios do mesmo porte no país.
Em Dourados podemos observar que os índices variam
entre 5,4 a 6,1 por 1000 nascidos vivos, sendo que em 2011 tivemos um índice de
5,6, levemente inferior ao de 2010 que foi de 5,8, como podemos observar no
gráfico 1. Isso significa primeiramente a sensibilidade do Sistema de
Informação de Mortalidade – (SIM), quando verificamos a regularidade em que se
mantêm os dados. Comparando com os números do Estado, que variam entre 5,3 a
5,9, observamos que estamos dentro da média esperada, principalmente nos
últimos anos.
Representa ou ajuda a indicar a fecundidade, isto
é, a realização efetiva da fertilidade ou abrangência da reprodução dos seres
humanos, assim como também ajuda a calcular o crescimento demográfico de uma
população, que também pode ser afetado por outros fatores como a imigração e
emigração. Dourados apresentou uma taxa de 18,37 nascimentos por 1000 no último
ano e queda de 4,9% em relação ao ano de 2011 (gráfico 2). Quando avaliamos a série
histórica de 2009 a 2012, observamos uma variação de 0,44 nesse índice, porém
sempre mantendo abaixo de 2 nascimentos por 1000, onde o preconizado como taxa
de reposição da população seria de 2,1. O que ocorre em Dourados é uma
significativa melhora nas condições socioeconômicas e culturais da população,
onde a média de filhos por mulher ou taxa de fecundidade tende também à
diminuição.
Outra característica que segue o perfil nacional é
o fato de que a população está envelhecendo em Dourados. O nosso percentual de
óbitos de pessoas com mais de 50 anos em 2000 era próximo da ordem de 50% sendo
que hoje em 2011 já ultrapassa dos 71%, ou seja, cada vez mais as pessoas estão
morrendo mais velhas.
A principal causa de morte é oriunda de doenças do
aparelho circulatório, seguido de causas externas e de neoplasias. Frente a
isso fica muito claro que a condição de vida das pessoas é boa. Por outro lado
precisamos refletir e assumir o desafio de buscar uma solução para essa nova
realidade.
As doenças que estão levando as pessoas ao óbito
hoje em dia, dependem em sua fase final de tratamento, de grande número de
leitos, de equipamentos modernos, de UTI´s; e isso tudo é muito caro. Por isso
tudo o problema de financiamento do sistema é cada vez mais real. As
contratualizações são cada vez mais caras.
O uso político da saúde é definitivamente o pior
indicador de saúde do país. Existem coisas para melhorar sim, sempre. Quando
profissionais o políticos usam a fala pública para simplesmente pregar a catástrofe
é triste e revoltante. As pessoas deveriam pelo menos conhecer o que se busca
enquanto saúde, ao estamos, o que avançamos e o precisamos melhorar.
Estamos nos tronando vagarosamente, um país e uma
cidade de idosos, que gera uma mudança de necessidade do sistema. Não basta
mais hoje simplesmente levantar dados e fazer promoção, e buscar qualidade de
vida. Isso o SUS já alcançou.
O desafio de hoje é acima tudo entender, como
financiar essas especialidade mais demandadas. Que papel a vigilância e a
atenção terão para enfrentar essa nova demanda. Isso tudo cabe ser analisada e
refletida por todos os profissionais de saúde. O sistema chegou a um ponto que
precisa se reinventar para continuar dar boas respostas a população como fez
até aqui. E isso depende de todos!
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