Por Edu Marcondes
O termo “choque de gestão” tem martelado minha
cabeça nas ultimas semanas. É de conhecimento público as medidas de controle
fiscal, de austeridade e, sobretudo de moralização que a atual gestão municipal
vem tomando; Inclusive na saúde.
Dentre outras medidas, uma que afetou diretamente
a vigilância em saúde do município, foi a decisão de centralizar o controle da
frota de veículos, para além de economizar com combustível e manutenção,
garantir que não houvesse mais privilégios pessoais ou de unidades específicas.
Esse foi um ato que vai de encontro com a
impessoalidade e a moralidade. Princípios de direito e gestão pública dos mais
primordiais, e que deveria ser objetivo de todos que são envolvidos com a
gestão pública. Pelo clamor popular imaginei num primeiro momento que seria
algo de pronto entendimento e aprovação de todos os servidores.
Fato que transparecia, correta minha expectativa
é que já havia ouvido de diversos deles, o clamor, até combativo em nome do
choque de gestão na saúde de nossa cidade. Que tudo deveria fechar e começar do
zero; Enfim essas coisas que todos buscamos e esperamos de nossos gestores
públicos.
Para minha surpresa as mesmas figurinhas
carimbadas de lutas e demandas políticas da saúde que se entremeia em órgãos
colegiados para acompanhar de perto a gestão, iniciaram forte pressão pela
manutenção do modelo anterior, onde cada um “cuidava” de suas viaturas.
Além deles alguns servidores passaram para
atitudes até certo ponto raivosas e vorazes em busca de manter o “seu” carro de
trabalho e “seu” motorista a sua disposição. De imediato pensei comigo mesmo,
que algo estava completamente fora de lugar. Não conseguia definir se a atitude
da gestão ou a dos servidores público que tinha a “posse” sobre o bem que é do
povo.
É bem verdade que atitudes, como as descritas
neste texto, são bem mais comuns que imaginamos, e em todos os setores da
administração pública, e na vida cotidiana do Brasil. Não nos damos contas, mas
em particular no SUS, a gestão em todas suas esferas está contaminada posições
desse tipo.
Gritar, reivindicar é inerente a democracia,
contudo a preservação do público também o é. Pleitear um choque de gestão
universal, quase que numa alusão utópica, sem se envolver no processo ou
imaginar que isso não depende de cada cidadão é ma fé política ou completo
desconhecimento de como a estrutura institucional pública funciona em nosso
país.
O controle da frota já conseguiu em apenas 4
semanas reduzir 50% do consumo de combustível, e colocar um contingente de 30%
de viaturas baixadas em 100% operacional. E melhor de tudo aniquilou qualquer
possibilidade de exclusividade de veiculo ou motorista. Isso sim é choque de
gestão, isso são impessoalidade e moralidade com a coisa pública.
Já ouvi nesse período também que em outros órgãos
não estão fazendo isso. Então reflito, que se eu quero um país com mais
dinheiro para saúde, mais honesto, mais transparente, mais tudo de bom;
Definitivamente não posso ficar jogando a culpa no secretario, no prefeito, no
governador na presidente. Tenho e devo começar da minha casa e do meu ambiente
de trabalho, e ter a fé de que cada um também irá assumir sua responsabilidade.
Agir de forma histérica somente porque terá que
dividir uma viatura com outros colegas para fazer uma viagem a trabalho, para
não ter deslocar carros para mesmo destino, por exemplo; Definitivamente, não condiz com que
o Brasil está reivindicando nas ruas.
O SUS depende urgentemente de atitudes corretas,
e límpidas, e principalmente do comprometimento de todos. As grandes decisões
precisam acontecer, mas o que vai mudar nossa realidade de fato são os pequenos
atos diários de cada servidor que se comprometa e pense efetivamente no povo e
não em si próprio.
Falar e não agir é hipocrisia. Criticar a
corrupção do congresso nacional, e se apossar de uma viatura, de um motorista
para beneficio pessoal de qualquer espécie, também é hipocrisia e pior, é tão
corrupção quanto. Torço verdadeiramente pela ação efetiva de todos, no seu dia
a dia, em casa, na sala de trabalho e nas menores coisas, pois somente
assim teremos de fato um SUS melhor para todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário